segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Hoje

Passaram segundos. Passaram dias. Passaram séculos espontâneos desde o meu último suspiro. E hoje é dia. Hoje não existem máscaras que corroem a agonia de sentir. Hoje não existe perdão capaz de soltar o grito efémero da saudade. Hoje estou diferente, sinto-me diferente, ouço de maneira diferente. Hoje é dia de voltar a escrever por gosto. Hoje é dia de voltar a soltar suspiros carentes de palavras. Não atingi, porém, o topo. Não estou no limiar da felicidade, nem cobiço mais do que este estado de nostalgia, que não é mais do que um misto de serenidade e contentamento. Eu tenho-te. Eu sei que te tenho todos os nossos dias. Eu sei que posso sempre recorrer ao que uns dizem ser "O Segredo", e tu voltas como que instantaneamente a assaltar a minha alma, só tu e eu, sós. Não acredito que não penses em mim dez segundos por dia. Não acredito que me troques por programas evasivos ou por listas de compras rabiscadas em três tempos. Não posso sequer consentir que não amas tudo isto no que me tornei, e por isso, hoje é dia de ter certezas. Deixei de desenhar ressentimentos, deixei de pintar as minhas telas bolorentas em tons frios e sinuosos. Esqueci fobias antigas, esqueci olhares insignificantes e acabei de esquecer as "bocas" daqueles que para mim nada representam. Hoje, hoje é dia de me entregar de corpo e alma a um novo rumo, um rumo traçado numa folha de linhas, com uma caneta azul, e com a tua mão a segurar na minha.



Aos vinte e cinco de Agosto,
Ricardo Leitão.

Sem comentários:

Enviar um comentário