sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

eu sei que vai ser sempre assim




um beijo para cada uma
com muito amor e saudade

domingo, 4 de dezembro de 2011

50-50

De todos os valores possíveis, de todas as probabilidades contidas no intervalo [0,1] (que, por sinal, é denso), ninguém diria que há uma melhor que outra. Dirão que depende da situação. A de ganhar o Euromilhões é demasiado baixa, a de ter um acidente em casa é demasiado alta. Mas se queremos convencer-nos que vai correr bem, dizemos que a probabilidade de correr mal é muito baixa, e isso satisfaz-nos. Por outro lado, gostamos sempre de apregoar quando há uma grande probabilidade de sucesso.
É isto, gostamos de usar as probabilidades a nosso favor. A bem dizer, gozamos um bocado com elas. O seu uso matemático e objectivo é deturpado, torna-se numa ferramenta psicológica de auto-motivação.

Mas, voltando à vaca fria, sim, há uma pior que as outras. O tão aclamado meio termo, em probabilidade, é uma merda. 50-50. Tanto pode cair para um lado, como para o outro. "No meio está a virtude", sim, mas não aqui. Não quando se trata de um estudo clínico.

Não, não é Anatomia de Grey no miolo. É investigação. Ou cusquice. Como lhe quiserem chamar.

No mês em que fui a Francos (sim, fui a Francos e Francos não deixa ninguém ter sombra de dúvida de que está em Francos. Desde a Rua Direita à Rua Principal, passando pela Rua Particular e pela Rua Central, todas elas são "de Francos". Não fiquem margem para dúvida!), onde já não estava há uma carrada de anos, andei também a planear uma visita. Mas primeiro, Francos.

Uma manhã estranha, com tempo a mais. Ainda circulei lá na zona, mas não encontrei o que queria. Está tudo demasiado diferente. Desisti, recolhi. Isolei-me. De jornal e bolachinha Maria, lá me sentei num banquinho. E os outros foram chegando. Grupos de amigos que vieram juntos, alguns com as Mães. Bastante foleiro, achei eu. Estamos a falar de adultos ou quê? Mas vai daí, se me dessem também essa oportunidade, eu não a agarraria? Com unhas e dentes, com certeza. E talvez tivesse corrido melhor. Talvez. Talvez não tivesse ficado sozinha a ver todos aqueles que tiveram sucesso saírem abraçados a alguém, a comemorar. Talvez tivesse sido amparada. Ou melhor, talvez tivesse alguém a celebrar comigo. Mas não, não foi assim. Saí e fui procurar o meu caminho. Na, agora desconhecida, zona de Francos.

O tempo passa, tudo muda e ainda assim tudo está na mesma.

Ai Burocracia, a quando obrigas! Chegou uma carta. Dos seguros. Agora querem um papel. Um certificado. Começou aqui o planeamento da visita. Pelos vistos, tinha que ir ao IPO. Não queria ir sozinha mas também sabia perfeitamente quem eram as pessoas que não levava comigo. Entre aquelas que detestam hospitais e as que ficariam demasiado emocionais... Lá me decidi e acabou por ser a chave para não ter de lá ir. Isto, agradeço à Carmo. Um telefonema e fiquei esclarecida. Uma (estranhíssima, diga-se de passagem) ida à Avenida de França e, numa questão de horas, ficou "tudo resolvido".

Mas na minha investigação, tentando descobrir onde teria que ir, naveguei à deriva no site daquele sítio. Passei entre os departamentos e os serviços. Encontrei os estudos. Quatro. São neste momento quatro os estudos a decorrer aqui, tão perto, para tentar curar a LLC. E estão lançados os dados para eu começar a disparar hipóteses. "What if...?" E se aqui estivesses. E se entrasses num deles. E se conseguisses o remédio, e não o placebo. "E se a minha avó tivesse rodas era um camião", eu sei.

Esta divagação tem perna curta. Chegando à última pergunta, a estatística deita-me por terra. 50%. Os estudos são cegos. A determinação de remédio/placebo é aleatória.

E portanto, retrocedo. À irreversibilidade do tempo. Volta a mim o peso da solidão. A repetição de imagens que tenho gravadas e das outras que eu inventei. A avalanche de sons, cheiros, memórias, que me invade. Sinto em mim um retrocesso enorme. Quero deixar-me cair e não levantar mais.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011






E por mais lame que isto possa ser, gostava de, um dia, saber ser assim
Como tu



segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Nice show, nice quote!

There are dreamers and there are realists, in this world. You'd think the dreamers would find the dreamers and the realists would find the realists, but more often than not, the opposite is true. You see, the dreamers need the realists to keep them from soaring too close to the sun. And the realists, well, without the dreamers, they might not ever get off the ground.

Modern Family


Achei que me assentava que nem uma luva...
(Por acaso começo a precisar e não sei das minhas! Oh tristeza!)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

o teu gelado de pêssego continua a ser um sucesso :)
beijo

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Caetano

Caetano Veloso chegou até nós muito cedo. Lembro-me de ter para aí 10 anos e circular cá em casa Prenda Minha. A Mãe gostava e nós também. Depois Caetano sumiu, entre tantos outros.

Até que Caetano voltou. 2007. Naquele Verão louco e saboroso, a Isabel tinha no carro dois e apenas dois discos - um do Caetano e outro do Tom Waits. Inevitavelmente, estão agora eternamente associados.

Caetano é a Mãe e Caetano é a Isabel.

E eu hoje descobri que canta isto:


Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto

E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro

[...]

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

should hurt less

E pronto, aí está. Pela segunda vez em menos de dois anos.
Pela segunda vez dou comigo a pensar, a dizer a mim mesma que havemos de ultrapassar isto e que quando o fizermos, tudo vai ser diferente. A nossa vida vai mudar. Não faz mal, porque nós vamos conseguir. Eu vou mudar, por ela. Vou acalmar, vou estar mais presente e vamos superar isto tudo.

E pela segunda vez, todos os meus planos saem furados, tornam-se obsoletos, ultrapassados.
(Want to make "God" laugh? Tell him your plans...)
Vejo-me obrigada a despedir-me de uma vida que ainda não vivi, de projectos que não concretizei, de alguém que amo desde sempre e que sempre acreditou em mim. Sinto-me a cambalear. A terra treme, desaparecem pilares, foge-me o chão. Estou rodeada de gente mas sinto que as minhas pessoas estão a desaparecer. Sinto um vazio do tamanho dos Sóis que são apagados.

Da primeira vez foi péssimo, mas senti tanta força à minha volta, tantos novos apoios, que acreditei que conseguia andar para a frente.

Agora, um desses apoios foge-me. Quando eu ainda precisava. Muito.

Não é justo. (Eu canso-me de dizer isto mas ainda não aprendi direito...) Também nunca ninguém disse que era, pois não? Não. Não é justo e pronto.


(1 mês no dia em que o grande Freddie faria 65 anos...)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

every minute

Last week I was supposed to be at a wedding.
I wasn't - the bride was missing.
The bride is still missing. And I miss her. Every day, every hour, every minute.

domingo, 28 de agosto de 2011

por favor espreitar a barra lateral

Paperback Writer ou Mariella, gentil e amarela.
Não sei o que é que ela prefere.
Mas para quem procurava a minha irmã, ela está aí.
Feijão esverdeado é o link, Centrifugadora o nome da página.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

mais um para a lista

Estou eu tranquilamente em casa e tocam à porta - é alguém tipo testemunhas de Jeová que quer falar comigo, para saber o que eu acho do que se vai passando na televisão e se acredito que algum governo vá por um termo a isto tudo. Lamento, minha senhora, neste momento não posso conversar consigo.

Mentira, até podia. Mas não me apetece. Já pensei demasiado no assunto, estou um bocado farta de dar voltas à cabeça. Nisto lembro-me que tenho um projecto. E que queria falar contigo sobre ele. Queria ter-te contado o que andava a magicar. Agora já não me apetece magicar nada. Mas fui a Vilar motivada para, ainda que não explorássemos muito o assunto, te comunicar o que ando a fazer. Porque me ajudaste com o currículo. Porque te contei os meus projectos para o próximo ano. Porque acreditei que gostarias de saber e que terias uma palavra de incentivo para me dar. Mas feita parva, vi-te e travei. E depois esqueci-me. E agora, é mais uma das coisas de que me arrependo.

Estou aqui a ver vernizes à minha volta (a Mariana passou "a manhã" a escolher a cor com que ia pintar as unhas) e está-me a apetecer fazer alta mistura. Porque ainda me lembro de umas férias há muito tempo em que tu tinhas uma de cada cor. Adoro-te tanto. Não sei porque é que não me canso de o dizer se quando foi tempo disso não o disse que chegue. Não serve para compensar. Mas adoro-te. Beijos gordos...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Mais um poema

What would the dead want from us

Watching from their cave?

Would they have us forever howling?

Would they have us rave

And disfigure ourselves, or be strangled

Like some ancient emperor's slave?

None of my dead friends were emperors

With such exorbitant tastes

And none of them were so vengeful

As to have their friends waste

Waste quite away in sorrow

Disfigured and defaced.

I think the dead would want us

To weep for what THEY have lost.

I think that our luck in continuing

Is what would affect them most.

But time would find them generous

And less self-engrossed.

And time would find them generous

As they used to be

And what else would they want from us

But an honoured place in our memory,

A favourite room, a hallowed chair,

Privilege and celebrity?

And so the dead might cease to grieve

And we might make amends

And there might be a pact between

Dead friends and living friends,

What our dead friends would want from us

Would be such living friends.


James Fenton





Nestes dias pesados, surgem (um pouco de todo o lado)

os mais diversos pensamentos.

Não é minha intenção inundar o submarino com eles.

Mas este em particular agradeço à Vera.

E, apesar de não saber se ainda cá vem,

é na Maria Vasconcelos que penso quando o partilho aqui.

Um abraço a todos




segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Foi-se.

Assim do nada, foi-me arrancada. Toda aquela tranquilidade que me inundava, foi-se, agora que já pesa mais de uma semana. Estou aqui, sozinha, com os meus pensamentos e arrependimentos.

Arrependo-me tanto de não te ter ido visitar a Lisboa mais vezes, apesar de tantas promessas. Podíamos ter tantas mais recordações...
Arrependo-me de não te ter dito que já estava a ler "A Espuma dos Dias" (e em francês!!) quando pude. (Ainda não consegui pegar-lhe, já sei o fim...) E de não te ter dado o CD que a Mariana e eu te fizemos. (Está algures lá em casa, não me lembro onde o deixei, nem sei se alguém lhe pegou.)
Arrependo-me de não ter retribuído convenientemente aquela monumental declaração que tu fizeste na piscina. Sempre gostei tanto de ti, sempre foste tão fantástica comigo.

Oh minha Tia, a saudade é uma coisa tão triste...

E agora aqui, sem as tias (nem as que o são desde 1990 nem as que o são desde a semana passada), sem as galinhas, sem Vilar, sem nada...Começo a pensar que nada aconteceu. Quero acordar. Quero descobrir que sim, a tua sombra foi embora mas que tu estás simplesmente sob o Sol do Alentejo. Que ainda vou ser a tua testemunha. Que te vou abraçar mais uma vez.

Vou dormir.

Só este homem e esta música (que eu ainda não consegui compreender de quem é) para me por aqui a chorar que nem um bebé e a escrever....

terça-feira, 9 de agosto de 2011

repost

Já publiquei isto aqui em Setembro 2010. Mas hoje deu-me para vasculhar esta coisa a que chamo o meu blog. E hoje faz tanto sentido que não podia não voltar a trazer isto para a luz do dia...

Do not stand at my grave and weep
I am not there. I do not sleep.
I am a thousand winds that blow.
I am the diamond glints on snow.
I am the sunlight on ripened grain.
I am the gentle autumn rain.
When you awaken in the morning's hush
I am the swift uplifting rush
Of quiet birds in circled flight.
I am the soft stars that shine at night.
Do not stand at my grave and cry;
I am not there. I did not die.

Mary E. Frye

domingo, 7 de agosto de 2011

Até Sempre!

Tivemos frango de churrasco e batatas fritas.
Pintámos as tuas galinhas de barro da maneira mais azeiteira possível. Ficaram tão giras!
Fizemos um Sticky Date Pudding com Butterscotch Sauce.
Comemos, bebemos, conversámos e rimos. Contigo. Por ti. Graças a ti.

Minha "Tia Bela", parabéns. Pela coragem, pela sabedoria.

O dia de ontem começou chuvoso e eu achei que estava perfeito para a ocasião. Hoje vi que estava errada. Esteve Sol o dia todo e mais adequado não podia ter sido.

Ontem procurei-te. O tempo todo. Em todo o lado. Dei voltas à casa, esperando encontrar-te, ouvir-te atrás de alguma porta, ver-te aparecer "de calças africanas, descalça e de cigarro na mão". Encontrei-te finalmente, hoje, no meio de todos os que te adoram, entre todos aqueles que contribuíram para as tuas galinhas com uma ou duas pinceladas. Sinto-me um verdadeiro cliché mas tu estás e estarás sempre aqui. Enquanto esta malta toda se lembrar de ti. Enquanto os teus projectos forem os nossos projectos. Tu estás aqui.

Gostava tanto que nos tivesses visto hoje. Parecíamos uma família de ciganos. (Uma família meia estranha, como nunca poderá deixar de ser.) Comida e bebida e ateliers de crianças. E foi o velório mais feliz em que alguma vez estive.

Isabel, titia, obrigada. Pelo Verão de 2007. Por tantos abraços em alturas tão difíceis. Por tanta serenidade no meio de tanta loucura. Pela maior declaração de amor que uma sobrinha pode pedir. E por tantas outras coisas.
Pelos "tios" (e "primo", que o Tito "não tem idade para ser tio") que levo daqui comigo. Por nos teres reunido aqui, a família que tu escolheste, no sítio mais perfeito de sempre. Só mesmo tu para conseguir tal proeza.
Obrigada. Podem não ter sido dias maravilhosos, mas foram sem dúvida memoráveis.

Obrigada por Bruxelas. Por seres uma super-tia. Por seres sempre meia louca quando estamos juntas.

Lembro-me de dizeres "a melhor maneira de gastar dinheiro é a viajar!" Pois eu hei de viajar. Quero conhecer África e a Ásia! Quero ir à Broadway e fazer compras na 5ª Avenida. Quero ver o Mundo como tu o viste e perceber o que é que chama tanto por ti lá fora. (Se puder, começo por África, prometo.)

Minha querida tia, gosto tanto de ti! E gosto tanto de todas as memórias que tenho tuas! Sinto um vazio tão grande e ao mesmo tempo sinto-me tão preenchida. Ainda estou à espera que apareças a dizer "enganei-vos". Agora que a tua sombra foi embora, podias voltar tu. Como eu te conheci estes anos todos. A minha tia Isabel.

(Estás fartinha de saber que não acredito nestas coisas, mas dá-me algum conforto fazer de conta. Tu já sabes que eu não fecho bem a mala... Faz-me um favor - se por acaso vires a minha Mãe, manda-lhe um beijinho e diz-lhe que eu tenho imensas saudades! Divirtam-se, não gozem muito connosco e já agora, se não for pedir muito, manda ventos bons à Avó...)

Olha só para as tuas galinhas!

Até sempre Isabel!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

o teu dia de anos / deathly hallows part 2

Almocei no indiano. Não, não foi no Sr. Kamal. Devia ter sido, mas não foi. Foi no Thali, na Rua da Fábrica. (As coisas que eu agora conheço!) E não, não é tão bom como o Sr. Kamal.
O maldito "superior" é assim, agora estudo no teu dia de anos! Passei "a tarde" com a Lara. Dei cabo das unhas. Mas "valeu a pena", acho que me safei no exame.
Jantei no Joshua. Só aí me apercebi que comi o que era tradicional tu comeres. Sorri sozinha.
Finalmente, remate do dia (que foi enorme e no entanto coube em tão poucas linhas), "Harry Potter and the Deathly Hallows, Part 2".
Foi lindo, adorei e ias adorar. (Muito melhor do que a estreia que vimos nos teus anos em 2007, a Ordem da Fénix. Lembro-me tão bem desse dia...)
Ainda bem que partiram o livro em 2 partes para fazer os filmes. Foi, de longe, o mais fiel de todos! E a McGonagall partiu tudo! Foi fantástico.
Chorei, tal como sei que tu terias chorado. (É verdade, voltei ao ponto em que choro nos filmes, talvez mais do que o necessário. Mas eu gosto de chorar nos filmes. "Oh Captain, my Captain" ainda me dá arrepios.) Tentei conter-me mas reparei que não valia a pena, ouviam-se fungadelas de todas as direcções.
E assim acabou a nossa saga. Com aquele piroso "19 anos depois" (que, com a sua banda sonora extremamente bem escolhida, me deixou a chorar, claro!). A nossa saga que começou há 12 anos. E eu lembro-me como se fosse hoje, sem precisar de Vira-Tempos nem de Pensatórios.
Como de tantas outras coisas.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

a tradição já não é o que era



Prometo que um dia destes acordo cedo e faço bolo de prata...


Happy Birthday*

(4 anos depois, outra vez numa estreia,
a última da nossa saga.)

sábado, 4 de junho de 2011

Olha só..

Olha só...
Olha só para a nossa rua.
A Minhotinha foi-se.
A tabacaria da Mª do Céu está vazia e para alugar.
O Cochicho vai pelo mesmo caminho...
O Centro Comercial parece (ainda mais) uma daquelas cidades abandonadas no Faroeste, só falta a bola de palha a passar e as portas do Saloon a ranger.
Está tudo tão diferente.

Olha para mim! Sentada no teu lugar. Em todos os teus lugares. É ridículo. E eu não sei ser como tu. Não sei! Não sei escolher o que vai ser o jantar, não sei manter a casa e não tenho grande jeito para a condução! (É verdade, finalmente...Mas eu também sempre fui a mais descoordenada das 3!) Não tenho a tua serenidade nem a tua sensatez. Estou sempre no limite. De alguma coisa. Da euforia. Da depressão. Da apatia.

E está tudo a mudar demais. E para variar, maldita a hora em que nasci sob o signo da indecisão, não sei para que lado me virar!

E não há racionalidade que me impeça de sentir uma espécie de conforto quando te imagino novamente a peguilhar com o Avô Luís ou a tomar café com o Avô Rui... O mesmo conforto que sinto quanto penso num reencontro entre o Avô e o tio Álvaro, entre ti e os teus padrinhos... Tantas saudades de tanta gente!
Pode ser o maior disparate pegado, mas até eu sinto alguma inveja, também eu gostava de estar . Algures, "noutra dimensão". Ou talvez só na minha imaginação.

Eu vi as lágrimas que te encheram os olhos quando viste a nossa Luísa do Pinto a chegar. Mas sei que a recebeste de braços abertos.

Mas isto está a ficar demasiado difuso. Estou à chapada com a minha racionalidade. O certo é que tu não estás aqui e eu não gosto disso! Tenho tantas saudades tuas! E tenho tanto medo de não conseguir ser como tu, apesar de tanta gente agora me dizer que sou tão parecida contigo...



Começou no dia em que acordei com isto.

E ainda não acabou.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

3/6/2011 - 01:33


Leite com Suchard cheira a Verões em Vilar

segunda-feira, 30 de maio de 2011

28/5

Olá Avô, cheguei... ("Ora viva quem é uma flor..", ainda não me esqueci)
Está bom tempo! A piscina está um bocado verde, mas não faz mal, nunca fez.

Estou descalça. (Nem podia ser de outra maneira...)
E as pedras picam-me os pés como sempre, e como não podia deixar de ser.

E agora chove. Mas a sério. E troveja!
Cheira a terra molhada... Como quando a Mariana estava de braços abertos no meio do terreiro.

Está tudo no sítio.

sábado, 7 de maio de 2011

O Mostrengo

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»

Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»



Mensagem
Fernando Pessoa

Finland, meet Portugal


O que nós já fomos não é o que somos agora, claro. Nem adianta de muito ficarmos agarrados ao passado. Mas achei que valia a pena partilhar. Talvez ganhemos vergonha daquilo em que nos tornámos, talvez nos inspiremos para ser melhores, talvez...

sábado, 8 de janeiro de 2011

Bibó Norte !


Viva o Porto, viva Braga, viva Viana, minhas raízes.


"O Norte é mais Português que Portugal. As minhotas são as raparigas mais bonitas do País. O Minho é a nossa província mais estragada e continua a ser a mais bela. As festas da Nossa Senhora da Agonia são as maiores e mais impressionantes que já se viram.

Viana do Castelo é uma cidade clara. Não esconde nada. Não há uma Viana secreta. Não há outra Viana do lado de lá. Em Viana do Castelo está tudo à vista. A luz mostra tudo o que há para ver. É uma cidade verde-branca. Verde-rio e verde-mar, mas branca. Em Agosto até o verde mais escuro, que se vê nas árvores antigas do Monte de Santa Luzia, parece tornar-se branco ao olhar. Até o granito das casas.

Mais verdades.
No Norte a comida é melhor.
O vinho é melhor.
O serviço é melhor.
Os preços são mais baixos.
Não é difícil entrar ao calhas numa taberna, comer muito bem e pagar uma ninharia
Estas são as verdades do Norte de Portugal

Mas há uma verdade maior.
É que só o Norte existe. O Sul não existe.
As partes mais bonitas de Portugal, o Alentejo, os Açores, a Madeira, Lisboa, et caetera, existem sozinhas. O Sul é solto. Não se junta.

Não se diz que se é do Sul como se diz que se é do Norte.
No Norte dizem-se e orgulham-se de se dizer nortenhos. Quem é que se identifica como sulista?
No Norte, as pessoas falam mais no Norte do que todos os portugueses juntos falam de Portugal inteiro.
Os nortenhos não falam do Norte como se o Norte fosse um segundo país

Não haja enganos.
Não falam do Norte para separá-lo de Portugal.
Falam do Norte apenas para separá-lo do resto de Portugal.

Para um nortenho, há o Norte e há o Resto. É a soma de um e de outro que constitui Portugal.
Mas o Norte é onde Portugal começa.
Depois do Norte, Portugal limita-se a continuar, a correr por ali abaixo.

Deus nos livre, mas se se perdesse o resto do país e só ficasse o Norte, Portugal continuaria a existir. Como país inteiro. Pátria mesmo, por muito pequenina. No Norte.

Em contrapartida, sem o Norte, Portugal seria uma mera região da Europa.
Mais ou menos peninsular, ou insular.

É esta a verdade.

Lisboa é bonita e estranha mas é apenas uma cidade. O Alentejo é especial mas ibérico, a Madeira é encantadora mas inglesa e os Açores são um caso à parte. Em qualquer caso, os lisboetas não falam nem no Centro nem no Sul - falam em Lisboa. Os alentejanos nem sequer falam do Algarve - falam do Alentejo. As ilhas falam em si mesmas e naquela entidade incompreensível a que chamam, qual hipermercado de mil misturadas, Continente.

No Norte, Portugal tira de si a sua ideia e ganha corpo. Está muito estragado, mas é um estragado português, semi-arrependido, como quem não quer a coisa.

O Norte cheira a dinheiro e a alecrim.

O asseio não é asséptico - cheira a cunhas, a conhecimentos e a arranjinho. Tem esse defeito e essa verdade.

Em contrapartida, a conservação fantástica de (algum) Alentejo é impecável, porque os alentejanos são mais frios e conservadores (menos portugueses) nessas coisas.

O Norte é feminino.

O Minho é uma menina. Tem a doçura agreste, a timidez insolente da mulher portuguesa. Como um brinco doirado que luz numa orelha pequenina, o Norte dá nas vistas sem se dar por isso.

As raparigas do Norte têm belezas perigosas, olhos verdes-impossíveis, daqueles em que os versos, desde o dia em que nascem, se põem a escrever-se sozinhos.
Têm o ar de quem pertence a si própria. Andam de mãos nas ancas. Olham de frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão confiança. Olho para as raparigas do meu país e acho-as bonitas e honradas, graciosas sem estarem para brincadeiras, bonitas sem serem belas, erguidas pelo nariz, seguras pelo queixo, aprumadas, mas sem vaidade. Acho-as verdadeiras. Acredito nelas. Gosto da vergonha delas, da maneira como coram quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma panela, quando se lhes falta ao respeito. Gosto das pequeninas, com o cabelo puxado atrás das orelhas, e das velhas, de carrapito perfeito, que têm os olhos endurecidos de quem passou a vida a cuidar dos outros. Gosto dos brincos, dos sapatos, das saias. Gosto das burguesas, vestidas à maneira, de braço enlaçado nos homens. Fazem-me todas medo, na maneira calada como conduzem as cerimónias e os maridos, mas gosto delas.

São mulheres que possuem; são mulheres que pertencem. As mulheres do Norte deveriam mandar neste país. Têm o ar de que sabem o que estão a fazer. Em Viana, durante as festas, são as senhoras em toda a parte. Numa procissão, numa barraca de feira, numa taberna, são elas que decidem silenciosamente.

Trabalham três vezes mais que os homens e não lhes dão importância especial.


O Norte é a nossa verdade.

Ao princípio irritava-me que todos os nortenhos tivessem tanto orgulho no Norte, porque me parecia que o orgulho era aleatório. Gostavam do Norte só porque eram do Norte. Assim também eu. Ansiava por encontrar um nortenho que preferisse Coimbra ou o Algarve, da maneira que eu, lisboeta, prefiro o Norte. Afinal, Portugal é um caso muito sério e compete a cada português escolher, de cabeça fria e coração quente, os seus pedaços e pormenores.
Depois percebi.

Os nortenhos, antes de nascer, já escolheram. Já nascem escolhidos. Não escolhem a terra onde nascem, seja Ponte de Lima ou Amarante, e apesar de as defenderem acerrimamente, põem acima dessas terras a terra maior que é o "O Norte".

Defendem o "Norte" em Portugal como os Portugueses haviam de defender Portugal no mundo. Este sacrifício colectivo, em que cada um adia a sua pertença particular - o nome da sua terrinha - para poder pertencer a uma terra maior, é comovente.

No Porto, dizem que as pessoas de Viana são melhores do que as do Porto. Em Viana, dizem que as festas de Viana não são tão autênticas como as de Ponte de Lima. Em Ponte de Lima dizem que a vila de Amarante ainda é mais bonita.
O Norte não tem nome próprio. Se o tem não o diz. Quem sabe se é mais Minho ou Trás-os- Montes, se é litoral ou interior, português ou galego? Parece vago. Mas não é. Basta olhar para aquelas caras e para aquelas casas, para as árvores, para os muros, ouvir aquelas vozes, sentir aquelas mãos em cima de nós, com a terra a tremer de tanto tambor e o céu em fogo, para adivinhar.

O nome do Norte é Portugal. Portugal, como nome de terra, como nome de nós todos, é um nome do Norte. Não é só o nome do Porto. É a maneira que têm e dizer "Portugal" e "Portugueses". No Norte dizem-no a toda a hora, com a maior das naturalidades. Sem complexos e sem patrioteirismos. Como se fosse só um nome. Como "Norte". Como se fosse assim que chamassem uns pelos outros. Porque é que não é assim que nos chamamos todos? "

Miguel Esteves Cardoso

Gostei!

Experimentem pronunciar Feijo à inglesa (tipo fei-djou) e estarão a dizer Africa em chinês (mandarim)!!! Topam a minha felicidade?
Mas, como uma pessoa não se pode chamar África em chinês, encontraram-me outros caracteres homófonos e que querem dizer: "uma flor a desabrochar junto ao mar com um barco perto", e isto tudo diz-se feijo. Transcrito para o nosso alfabeto: Fei Zhou.
Fonte: Isabel, via email.
Agora, vamos lá a saber quem é que tem mais factos curiosos sobre o nome de família !

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Pensamento aleatório da meia noite e um quarto

I'm biting my nails,
Pulling my hair.
I just don't know what to do
at this moment of despair.




I just wish there was something I could do...